Parte de teto de igreja tombada pelo Iphan desaba na BA
O recente incidente envolvendo o desabamento parcial do teto da Igreja São João de Deus, localizada em Cachoeira, Bahia, trouxe à tona questões cruciais sobre a preservação do patrimônio histórico brasileiro e a segurança das edificações tombadas. Com uma história que remonta a 1729, essa igreja não apenas representa um marco religioso, mas também é um símbolo da riqueza cultural e arquitetônica do Brasil. O evento, que ocorreu na noite de domingo, 23 de abril de 2024, e felizmente não resultou em feridos, destaca a urgência de ações de restauração em templos históricos que já apresentam sinais claros de deterioração.
Contexto histórico e cultural da Igreja São João de Deus
A Igreja São João de Deus, com sua estrutura que sobrevive há quase três séculos, é um exemplo notável da arquitetura colonial brasileira. Sua construção no século XVIII foi parte de um movimento mais amplo de cristianização e colonização, que buscou estabelecer a presença e a influência da Igreja Católica em terras recém-descobertas. O templo, além de ser um espaço de culto, também serviu como um lugar de encontro e socialização da comunidade local ao longo dos anos.
O tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ressalta a importância do edifício para a identidade cultural e histórica do Brasil. Entretanto, a condição estrutural delicada em que se encontra a igreja chama a atenção para a necessidade urgente de intervenções de manutenção e restauração. Pedro Erivaldo, coordenador da Defesa Civil de Cachoeira, destacou que as necessidades de restauro são evidentes e devem ser tratadas como prioridade.
O desabamento e suas implicações
O desabamento que ocorreu ao final da tarde de domingo é um alerta sobre a fragilidade de estruturas que não recebem os cuidados necessários. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional não se posicionou sobre o ocorrido, o que levanta preocupações sobre a falta de comunicação e ação entre as instituições responsáveis pela preservação do patrimônio. As autoridades locais se mobilizaram rapidamente, com a Defesa Civil realizando uma vistoria imediatamente após o incidente e orientando a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira a formalizar um pedido de restauro.
Os problemas estruturais nesta igreja específica não são um caso isolado. Outras igrejas na região, como a Igreja e Convento de São Francisco, também sofreram desabamentos recentes, incluindo um incidente trágico que resultou na morte de uma turista e ferimentos em outras cinco pessoas. Esses eventos reforçam a urgência de uma revisão ampla das condições das edificações históricas na Bahia, especialmente aquelas que atraem turistas e devotos.
A importância da conservação do patrimônio
A preservação do patrimônio histórico é um dever coletivo e uma responsabilidade que se estende além dos órgãos governamentais. A conscientização da comunidade sobre a importância de manter e restaurar locais históricos como a Igreja São João de Deus é fundamental. A destruição gradual de nossos símbolos culturais não é apenas uma perda física, mas também uma perda de identidade e história.
As instituições responsáveis pela conservação do patrimônio, como o Iphan, têm a missão de proteger e promover esses bens, mas é preciso que a sociedade civil também se envolva na defesa dessas causas. Projetos de discussão e conscientização podem ajudar a mobilizar cidadãos em torno da preservação histórica e, consequentemente, aumentar a pressão para a alocação de verbas e a execução de obras de restauração.
Desafios para a preservação do patrimônio
A preservação de igrejas históricas, como a de São João de Deus, enfrenta diversos desafios. A falta de recursos, a burocracia e a indiferença de algumas autoridades podem dificultar a implementação de projetos de restauração. Além disso, as mudanças climáticas e a degradação ambiental também desempenham um papel significativo na deterioração dessas estruturas.
A escassez de investimento público em restauração de bens tombados afeta toda a comunidade. A falta de manutenção adequada pode levar a desabamentos, como o que ocorreu em Cachoeira. Portanto, a mobilização de recursos – tanto públicos quanto privados – é essencial para a preservação desses patrimônios.
A ação da Diocese de Cruz das Almas
A Diocese de Cruz das Almas, responsável pela paróquia Nossa Senhora do Rosário, já havia notificado a provedoria da Santa Casa sobre a situação estrutural da igreja antes do desabamento. Essa comunicação, datada de abril de 2024, não apenas demonstrou preocupação com a segurança do local, como também levou à suspensão das celebrações religiosas na igreja e ao aconselhamento para o fechamento total do templo.
É notável a atitude proactive da Diocese em alertar sobre a deterioração. No entanto, a falta de resposta eficaz por parte da Santa Casa e do Iphan em relação aos apelos para restauro levanta questões sobre a eficácia das medidas preventivas adotadas nas instituições responsáveis.
A responsabilidade compartilhada na preservação
Preservar a história envolve um comprometimento coletivo. As comunidades, as dioceses, os órgãos governamentais e a sociedade em geral devem trabalhar em conjunto para garantir que estes locais permaneçam seguros e acessíveis para as gerações futuras. Informação sobre a importância histórica e cultural das igrejas deve ser difundida, educando as futuras gerações sobre o valor de preservar a identidade local.
Além das iniciativas governamentais, as campanhas de conscientização e as parcerias com instituições educacionais podem proporcionar um novo ânimo para a restauração do patrimônio histórico. Atividades lúdicas, palestras e visitas guiadas podem ajudar a criar um senso de pertencimento e urgência entre os jovens e a população local.
Integração e inovação na restauração
Nos dias de hoje, com a tecnologia disponível, há várias maneiras de inovar na preservação do patrimônio histórico. A aplicação de tecnologias como a modelagem 3D e o uso de drones para inspeção podem facilitar o monitoramento das estruturas, permitindo intervenções mais rápidas e eficazes. A interação com a comunidade por meio das redes sociais também pode aumentar a visibilidade das necessidades de restauração e chamar a atenção de potenciais doadores e patrocinadores.
Além disso, a integração de profissionais de diversas áreas, como engenheiros, arquitetos e historiadores, pode trazer uma nova abordagem às práticas de restauro. Projetos interdisciplinares que considerem a visão histórica e cultural do patrimônio são essenciais para assegurar que as intervenções respeitem a integridade das edificações.
Perguntas Frequentes
Por que o Iphan não se posicionou sobre o desabamento?
A falta de posicionamento do Iphan pode estar relacionada a questões burocráticas ou à análise do ocorrido, mas é fundamental para a transparência que tais órgãos se manifestem.
Quais são as consequências desse desabamento?
As consequências podem incluir o fechamento do templo, a necessidade de restauração, e uma reflexão acerca dos investimentos em preservação do patrimônio histórico.
Como a comunidade pode ajudar na preservação da igreja?
A comunidade pode se envolver por meio de ações de conscientização, doações e participação em projetos de restauração.
Quais são os riscos de não restaurar igrejas tombadas?
Os riscos incluem o aumento da deterioração, desabamentos, e a perda de patrimônio cultural e histórico.
Como o governo pode ajudar na restauração de igrejas históricas?
O governo pode alocar recursos, criar leis de incentivo e promover campanhas de conscientização sobre a importância da preservação do patrimônio.
O que deve ser feito após o desabamento?
Após o desabamento, é crucial realizar uma vistoria técnica, elaborar um plano de restauração e garantir que a comunidade esteja envolvida no processo.
Conclusão
O desabamento da parte do teto da Igreja São João de Deus não é apenas um incidente isolado; é um sinal de alerta sobre a fragilidade de nossa herança arquitetônica. A preservação do patrimônio histórico é uma responsabilidade compartilhada que demanda ações imediatas, reflexão e, acima de tudo, amor pela história que nos une. Cada templo, cada igreja, é uma testemunha silenciosa de épocas passadas e merece ser cuidada com carinho e respeito. É imperativo que voltemos nossa atenção para a proteção e restauração desses edifícios, garantindo que continuem a contar suas histórias para as futuras gerações.